terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Deixe seu filho (a) ser seu professor.

Você descobriu que estava grávida ( ou ia ser pai) fez mil planos, imaginou aquela cena linda e bucólica da amamentação e imaginou que seria agradável ouvir o chorinho no meio da madrugada. Você acalentaria, trocaria, daria de mamar e o bebê, satisfeito, se aninharia em seus braços. 
O bebê nasceu. Você descobriu que trocar fraldas era um bicho de sete cabeças. Varias cores, texturas e tamanhos. Qual compra, qual não vaza, qual não dá alergia?
E chorou. Será fome, será frio? E se for sede? 
Era fome! E você lá sabia que demorava tanto assim pro leite descer? E esse colostro "colosso" mata mesmo a fome dum bebê? E aaaí, doi! 
E dormiu. É de lado/de bruços/de cabeça pra baixo?
E veio a cólica. Você usou compressa de água quente, acalentou, cantou, deu banho... adiantou?
E vieram as vacinas e suas reações. Você medicou, e chorou junto, porque não passou.
E nasceram os dentinhos. A gengiva coçou, babou, doeu, incomodou. 

___________________________________________________________

Daí você descobriu outra coisa:

A - Que era mesmo difícil esse lance de ser mãe/pai/os dois ao mesmo tempo. 
B- Que o bebê era uma pessoa e que tinha vontades próprias.
C-Que a única forma de expressão era o choro.
D- Todas as alternativas.

Mas aí o tempo passou... você aprendeu a identificar quando o choro era de fome, de incomodo, de fralda suja. 
As dores do ínicio da amamentação deram lugar a um dos momentos mais esperados do seu dia!
Você descobriu que fralda se adaptava melhor ao seu bebê.
Você viu que ele se virava feito minhoca ao sol quando colocava ele numa posição diferente da que ele queria dormir ( Mas a recomendação ainda continua sendo de colocar de barriga para cima com a cabecinha virada para o lado)
A cólica passou aos 3 meses, dando lugar a noites menos sonoras.
Você viu que era peito e colo o antídoto para a reação das vacinas.
Os dentinhos se resolviam facilmente com mordedores gelados...

__________________________________________________________


E ele(a) fez seis meses!

E você escolheu o pratinho mais colorido, o copinho mais adequado (bico rígido e sem válvula, chuquinha não muito obrigada!)...comprou colheres de bichinho, até o garfinho e a faquinha que ele não ia usar agora. Um babador pra cada dia da semana, um cadeirão que gira, uma panela que cozinha a vapor e .... e... e.... seu bebê "não come". 

Imagine a cena: Você pega o seu bebê, coloca no cadeirão, junta o pratinho a colherinha e a papinha, caprichada!Na sua cabeça, a soma destes elementos é uma refeição.
Na sua cabeça, ele vai comer. 
Na cabeça dele, isso é totalmente diferente de comida. 
Comida, para ele é o peito, ou a mamadeira. A comida é líquida. A comida é leite.
Ele não sabe o que é aquilo. Nem o que tem que fazer com aquilo.

Enfim, temos de saber várias coisas. 

A principio, até 1 ano, a alimentação tem caráter complementar. O principal alimento é leite. 
A introdução alimentar é a apresentação de outros alimentos. Assim como quando somos apresentados a estranhos, não nos "abrimos" com eles, não espere que o bebê seja tão receptivo com a comida.
O paladar do bebê é diferente do nosso. 
Já experimentou o leite materno ou a fórmula? O que parece o paraíso para eles é totalmente diferente da nossa concepção de "delicioso".
O estômago do bebê é pequeno! Não imagine que ele vai comer conchas e colheres de servir, porque não vai, não cabe.
Mudanças são dolorosas e leva se tempo para adaptação: Um dia ele só mama, no outro, você faz palhaçadas para ele aceitar uma colherada. E toda mudança gera angustia numa criança.

Em tempo:

O Ministério da Saúde preconiza que sejam dados 6 meses de aleitamento materno exclusivo. 
Após este período, você pode introduzir outros alimentos (-agua, frutas, papinha de legumes), levando em conta que a aceitação por sabores doces é mais fácil. O leite é adocicado, portanto o único sabor que eles conhecem.
Forneça a alimentação e vá mudando gradativamente as texturas, de muito amassada para grosseiramente amassada, conforme passem-se os meses. ( Não liquidifique as papas e nem passe-as na peneira)
Varie as temperaturas e a apresentação dos pratos. Siga a BLW, por exemplo.
Dê a comida em lugar tranquilo e se possível, coma junto com o bebê. Nesta fase, eles aprendem a "imitar" os adultos. 
O bebê pode associar a mãe à amamentação. Peça ajuda a avó, ao pai, ao irmão, nos primeiros meses.
Não fique nervosa ou preocupada na hora da refeição. O bebê pode de certa forma, captar essas tensões.
Vá com calma. Ele terá a vida toda para comer. Ou você conhece alguém que não come até hoje?

Outra atenção é com os industrializados: Petit suisses, sucos prontos, mucilagens, farinhas adoçadas, embutidos, chocolates, achocolatados, bebidas a base de soja:  O bebê só vai querer se você ofertar. Bons hábitos começam em casa. Quanto mais cedo você ofertar, mais cedo ele passará a consumir e dificilmente, isso não será um hábito alimentar dele na adolescência e fase adulta. Estes alimentos contribuem para a obesidade infantil e outras doenças crônicas, tais como diabetes e hipertensão.


Deixe seu filho ser seu professor. Respeite seu tempo, leia seus sinais. 







Nenhum comentário:

Postar um comentário